Bioma Cerrado

O que é o bioma Cerrado?

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, ficando atrás apenas da Amazônia em extensão territorial. Conhecido como a savana brasileira, ele se destaca pela vegetação de aspecto arbustivo e por uma biodiversidade extremamente rica, mesmo em meio a um solo relativamente pobre em nutrientes. Esse bioma desempenha um papel fundamental na regulação do ciclo hidrológico e abriga milhares de espécies endêmicas de plantas e animais.

Localização do bioma Cerrado


O Cerrado ocupa cerca de 22% do território brasileiro e está presente principalmente na região central do país. Os estados mais abrangidos por esse bioma são Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Rondônia, São Paulo e Paraná. Ele é considerado o bioma de transição entre vários outros, como a Amazônia, a Caatinga, a Mata Atlântica e o Pantanal, o que contribui para sua diversidade ecológica.

Características do bioma Cerrado


O Cerrado apresenta um clima predominantemente tropical sazonal, com duas estações bem definidas: uma seca, que ocorre no inverno, e outra chuvosa, no verão. A vegetação é composta por árvores de médio porte, retorcidas, com casca grossa e folhas coriáceas, além de gramíneas e arbustos. Essa vegetação é adaptada a solos ácidos e pobres em nutrientes, bem como a incêndios naturais ou provocados, sendo que muitas espécies possuem estruturas subterrâneas que permitem sua regeneração após o fogo.

O solo do Cerrado, apesar de raso e de baixa fertilidade, é profundo em algumas áreas, o que favorece o desenvolvimento de raízes longas, características das plantas do bioma. A presença de chapadões, planaltos e vales também contribui para a diversidade de micro-habitats.

Exemplos de animais do Cerrado


A fauna do Cerrado é extremamente variada, com espécies adaptadas ao ambiente seco e às variações de temperatura. Entre os principais animais encontrados nesse bioma, destacam-se:

- Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus): é o maior canídeo da América do Sul, de hábitos solitários e onívoros.

- Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla): alimenta-se de formigas e cupins, com uma língua longa e pegajosa.

- Tatu-canastra (Priodontes maximus): é um dos maiores tatus do mundo, encontrado principalmente em áreas menos degradadas.

- Veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus): animal herbívoro que vive em campos abertos e cerrados.

- Seriema (Cariama cristata): ave terrestre que se alimenta de pequenos vertebrados e insetos.


Há também várias espécies de répteis e anfíbios, como a cobra-coral-falsa e o sapo-cururu, bem como uma grande diversidade de insetos e aves.

Exemplos de vegetais do Cerrado


A flora do Cerrado conta com uma elevada biodiversidade, estimando-se mais de 12 mil espécies vegetais, muitas das quais são endêmicas. Alguns exemplos representativos incluem:


- Pequi (Caryocar brasiliense): árvore frutífera muito utilizada na culinária regional.

- Buriti (Mauritia flexuosa): palmeira comum em áreas alagadas, importante para a fauna e a economia local.

- Ipê-amarelo (Handroanthus albus): árvore de flores vistosas, símbolo do Cerrado e muito utilizada no paisagismo.

- Barbatimão (Stryphnodendron adstringens): planta de uso medicinal tradicional, com casca rica em taninos.

- Pau-santo (Kielmeyera coriacea): arbusto comum nas áreas de campo cerrado, com flores rosadas.


A vegetação é adaptada ao estresse hídrico, com raízes profundas, folhas pequenas e estruturas que favorecem a economia de água.

Importância ecológica e social do Cerrado


O Cerrado tem uma importância estratégica para o equilíbrio ambiental e a segurança hídrica do Brasil. Ele abriga nascentes de importantes bacias hidrográficas, como as dos rios São Francisco, Tocantins, Paraná e Paraguai, desempenhando papel fundamental na distribuição das águas pelo território nacional.


Vale destacar também que esse bioma é um grande reservatório de biodiversidade, contribuindo com inúmeros recursos genéticos para a agricultura e a medicina. Sua vegetação também colabora na regulação climática, no sequestro de carbono e na conservação do solo. As populações tradicionais que vivem no Cerrado, como quilombolas, indígenas e pequenos agricultores, desenvolvem práticas sustentáveis de uso da terra, sendo fundamentais para a conservação do bioma.


Apesar de sua relevância, o Cerrado sofre intensa pressão devido à expansão agropecuária, ao desmatamento e às queimadas, o que ameaça a integridade de seus ecossistemas e a sobrevivência de muitas espécies nativas.

Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.

Atualizado em 13/08/2025