Cascavel: espécie de serpente ovovivípara
O que são - definição
Estamos acostumados a encontrar na natureza a seguinte situação: fêmeas depositam ovos, eles eclodem e deles saem os filhotes. Porém, em algumas espécies os ovos fecundados permanecem dentro da fêmea por um tempo. Depois a casca deles se parte e a fêmea pare os filhotes. Nesse caso, estamos falando de animais ovovivíparos. Esse termo carrega o significado “aquele que nasce vivo de um ovo”. Essa condição é intermediária entre duas outras:
- Oviparidade: como descrito acima, fêmea deposita embriões dentro de ovos e esses embriões se desenvolvem fora do corpo dela.
- Viviparidade: embriões sustentados por transferência de nutrientes da mãe para filhote, sendo que o desenvolvimento deles acontece dentro de um ovo (matrotrofia) ou de um útero.
Características principais:
Os animais ovovivíparos são encontrados em diferentes grupos: invertebrados (anelídeos, braquiópodes, caramujos e insetos), peixes, anfíbios e répteis. Em todas as espécies de animais ovovivíparos, a fecundação é interna. Sabemos que para a grande maioria das espécies de peixes e anfíbios, a fecundação é externa. Mas nas espécies ovovivíparas desses grupos, a fecundação interna é regra e geralmente ela se dá através da cópula. Os tubarões machos, por exemplo, têm um órgão chamado clásper, que é introduzido na fêmea.
O embrião dentro de um ovo depositado por uma fêmea ovovivípara conta apenas com o conteúdo presente no ovo para se nutrir. Esse material recebe o nome de vitelo. Depois que os ovos eclodem, os filhotes permanecem no oviduto da mãe até atingirem uma certa maturidade e poderem ser expelidos. Nesse período, apenas suas próprias reservas os sustentam. Isso quer dizer que não existe nenhuma ligação física entre a mãe e o embrião. Também não há transferência de nutrientes da mãe para o embrião.
Benefícios de ser ovovivíparo
Os pesquisadores elaboram hipóteses sobre uma possível vantagem que levou certas espécies a serem ovovivíparas. Animais ovovivíparos são ectotérmicos, ou seja, dependem de fontes de calor externas ao próprio corpo para manter uma temperatura relativamente constante. O benefício de ser ovovivíparo parece estar ligado a mais controle sobre a velocidade de desenvolvimento dos embriões.
Por exemplo, morando em um ambiente de clima frio, uma mãe serpente pode acelerar o desenvolvimento embrionário aquecendo seu corpo ao Sol e transferindo o calor aos ovos. Se ela depositasse os ovos em um ninho, como fazem as aves (endotérmicas), ela perderia o controle sobre a temperatura dos ovos.
Ao de chocar os ovos no interior do próprio corpo, uma fêmea ovovivípara consegue atrasar a liberação dos filhotes. Assim, ao saírem dela, os mesmos estarão maiores e mais capacitados para se defenderem de predadores. Já a fêmea que põe ovos, está liberando para o ambiente filhotes em um estágio no qual eles ainda estão bem vulneráveis.
Exemplos de espécies de animais ovovivíparos:
- Víboras (cascavel, surucucu, jararaca, víbora-da-morte, entre outras)
- Salamandras
- Limnonectes larvaepartus (anfíbio típico da Indonésia)
- Licranço ou cobra-de-vidro (Anguis fragilis) - espécie de réptil.
- Cavalo-marinho (Hippocampus)
- Tubarão-branco (Carcharodon carcharias)
Curiosidade:
Em alguns animais ovovivíparos, como mosquitos e sapos, os filhotes não se parecem com os adultos. Eles nascem na forma de larvas e seus corpos passam por transformações.
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Tubarão-branco: exemplo de animal ovovivíparo
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Publicado em 29/06/2020
Por Milene Moura Martins
Graduada em Ciências Biológicas pela UFMG, com mestrado pela UNESP e doutorado em Zoologia pela USP.